Livros

FREUD E LACAN - FALADOS

O primeiro livro editado em português pelo Editorial Grupo Cero recebeu tradução cuidadosa
dos psicanalistas da Escola Brasileira de Psicanálise e Poesia Grupo Cero Brasil em Porto
Alegre.

Um livro que permite nos introduzir num dos pensamentos mais importantes do século
XX. Freud, porque esse é o nome da obra que nos permite pensar a dimensão inconsciente
como o que nunca pode faltar em um ato psíquico. Lacan, porque pertencendo à historia da
psicanálise renova a leitura da obra freudiana voltando aos originais: os monumentos que são
os textos de Freud . Autor que nos permite pensar a transmissão da psicanálise. E “falados”
porque esse livro é a posta em ato da transmissão da psicanálise. Constitui-se das melhores
aulas proferidas entre 1976 e 1986 pelo psicanalista Miguel Oscar Menassa na Escola de
Psicanálise Grupo Cero de Madrid.

Trata-se de um livro que não se presta à classificação, por isso podemos incluí-lo na literatura
científica; onde didática, oratoria e poética se combinam em uma tarefa impossível que ao
mesmo tempo em que nos ensina, nos persuade e nos deleita, onde verdade, eloquencia e
beleza nos prestam seus dominios para alcançar um campo onde a ciencia e a poesia se
atravessam para deixar em nós uma pegada sem rastro, essa pegada que permanente marcará
todo o percorrido, porque é uma abertura a um campo inimaginável e imaginado por esse
autor que durante 295 páginas nos faz gozar do impossível.


Dica: Anelore Schumann


Clube dos Solitários / Angélica Rizzi

Neste seu primeiro livro de contos, pela Giz Editorial, a autora relata a solidão e a busca da liberdade de personagens, em sua maioria do sexo masculino, que não fazem parte do padrão do homem personificado pela sociedade atual. A obra tem capa do design gráfico Auracebio Pereira.

No show que realiza para divulgar a obra – Sarau Itinerante Poetas Iluminados - Angélica estará acompanhada por Chico Merg ao violão e Michel Dorfmann no piano. A autora apresentará algumas canções e poemas que fizeram parte do universo beat em homenagem ao escritor que serviu de inspiração ao livro, Jack Kerouac.

Participação especial do poeta mineiro André Rosa.


Dica: Angélica Rizzi


Todos os Homens são Mortais / Simone Beauvoir



Em “Todos os Homens são Mortais”,um romance que é também uma espécie de ensaio, Simone de Beauvoir, renomada escritora francesa, narra a instigante jornada interna e externa do conde Fosca, personagem do século XIII, através do tempo e de regiões diversas.Ele se sente punido pela imortalidade que recebe, apesar de muito tê-la desejado pela ambição ao poder. Os homens pensavam no futuro onde veriam seus esforços do presente serem realizados, mas ele aprende que tudo faz parte de um círculo e tudo se repete incessamente.
O ódio, a inveja, o desejo pelo poder e a miséria embutida na alma humana são evidenciadas em todas as épocas e lugares e os dias em seu mundo passam a ter a cor da indiferença. A insatisfação dos homens, a realização dos desejos que acabam dando vazão a outros desejos, é amplamente mostrado no decorrer do tempo. Percebe o vazio nas palavras, nos olhares e gestos de outros e na ausência de sua própria presença. Questiona intensamente o destino,a felicidade,o viver,o não entendimento da verdade deste mundo,a transcendência.
A autora nos revela de modo apaixonante os princípios existencialistas através de questões sobre o “mito da Humanidade como legado de Hegel ao marxismo”.

Dica: Angélica Rizzi


Tambores Silenciosos / Josué Guimarães

Em Os tambores silenciosos, de Josué Guimarães, o autor constrói a imaginária Lagoa Branca, pequena cidade gaúcha situada num ponto qualquer entre Passo Fundo e Cruz Alta.

Josué Guimarães realiza uma síntese feliz entre narrativa de costumes interioranos e sátira política, situando a ação do romance na conflituosa década de 1930. Em Os Tambores Silenciosos o humor é direcionado às classes dominantes, ou seja, o patriarcado, os grandes senhores de terra e o poder político instituído.

Um dos personagens da obra, o "conselheiro do prefeito da imaginária cidade de Lagoa Branca", que se assemelhava a um conselheiro do Tribunal de contas de Porto Alegre.

A história transcorre na Semana da Pátria, em 1936, época que antecede a implantação do Estado Novo por Getúlio Vargas. O prefeito, um ditador empenhado em tornar seu povo "feliz", proíbe a distribuição de jornais e a posse de aparelhos de rádio, além de censurar a correspondência dos cidadãos. Afinal, como ter paz de espírito com tantas notícias sobre fuzilamento, miséria e epidemias?

O prefeito simplesmente "fechou" a cidade para o resto do mundo. Os mendigos, ele os empacotava e os jogava no rio, os jornais eram confiscados na madrugada e não havia notícia ruim que ganhasse as suas páginas e o conhecimento público.

O ficcionista volta a se servir do cômico e do fantástico para narrar os episódios ocorridos durante a semana da pátria de 1936, na pacata Lagoa Branca, comunidade imaginada entre o Planalto e a Serra a julgar pelos citados limites com Cruz Alta, Passo Fundo, Rio Pardo e Taquari.

A trama gira em torno do coronel João Cândido, que tem planos de instituir a sua comunidade ideal. Para tanto, proíbe a circulação dos jornais que chegam de Porto Alegre e recolhe todos os aparelhos de rádio. As restrições do coronel, nas mãos de seu aparato policial (sobretudo um capitão da Brigada e um inspetor de polícia) logo servem para que se inicie uma dissimulada escala de violência, que vai do espancamento de jovens estudantes ao extermínio em massa dos mendigos da cidade.

O clímax ocorre entre o 6 e o 7 de setembro, quando pássaros negros infestam os ares e uma sucessão de boicotes e denúncias expõem as fragilidades dos defensores da ordem pública, levando ao fracasso de seus planos, enquanto o coronel ditador, louco, se suicida.

Os sete dias de terror tornam mais intensas as características dos típicos habitantes: as intrigas de João da Lagoa, o sacristão; as bajulações do Dr. Lúcio, uma mistura de político e intelectual; as perfídias do inspetor Paulinho. O rolo cresce e o caos aumenta, até que os pássaros de pano construídos por Maria da Glória, a mais jovem das irmãs Pillar, pressagiam a descoberta da farsa e desvelam a força de denúncia sugerida pela obra.

Ao contrário das tradicionais epopéias gaúchas, não há nenhum gesto heróico em Os tambores silenciosos. As personagens presentes são políticos medíocres e dominados pela ambição, mulheres infiéis e policiais violentos.

Através de um par de binóculos, o leitor vai acompanhar o olhar de sete curiosas solteironas, penetrando em recantos de alcovas e no gabinete da prefeitura. Com humor e cinismo, qualidades próprias para compor a caricatura de um sistema autoritário, Josué Guimarães aniquila essa microditadura e constrói uma obra perfeita, na melhor linhagem do realismo fantástico.

Dica:
Marco Binatti



Carta a um Jovem Poeta / Rainer Maria Rilke

Trechos do Livro
Depois de feito este reparo, dir-lhe-ei ainda que seus versos não possuem feição própria, somente acenos discretos e velados de personalidade. É o que sinto com a maior clareza no último poema Minha alma. Aí, algo de peculiar procura expressão e forma. No belo poema A Leopardi talvez uma espécie de parentesco com esse grande solitário esteja apontando. No entanto, as poesias nada têm ainda de próprio e de independente, nem mesmo a última, nem mesmo a dirigida a Leopardi. Sua amável carta que as acompanha não deixou de me explicar certa insuficiência que senti ao ler seus versos sem que a pudesse definir explicitamente. Pergunta se os seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pessoas. Manda-os a periódicos, compara-os com outras poesias e inquieta-se quando suas tentativas são recusadas por um ou outro redator. Pois bem — usando da licença que me deu de aconselhá-lo — peço-lhe que deixe tudo isso. O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. Ninguém o pode aconselhar ou ajudar, — ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite: "Sou mesmo forçado a escrever?” Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples "sou", então construa a sua vida de acordo com esta necessidade. Sua vida, até em sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho de tal pressão. Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse o primeiro homem, dizer o que vê, vive, ama e perde. Não escreva poesias de amor. Evite de início as formas usuais e demasiado comuns: são essas as mais difíceis, pois precisa-se de uma força grande e amadurecida para se produzir algo de pessoal num domínio em que sobram tradições boas, algumas brilhantes. Eis por que deve fugir dos motivos gerais para aqueles que a sua própria existência cotidiana lhe oferece; relate suas mágoas e seus desejos, seus pensamentos passageiros, sua fé em qualquer beleza — relate tudo isto com íntima e humilde sinceridade. Utilize, para se exprimir, as coisas do seu ambiente, as imagens dos seus sonhos e os objetos de sua lembrança. Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas.

Dica: Nea Maria

Amigos

Relatório da Conferência Municipal de Cultura de Viamão - Clique aqui