Escrevemos no papel, no chão do quintal de casa, na areia do mar, no pó que assenta nos carros, no ar, na argila, na tábua, no papiro, na tela do computador... Usamos estilete, pincel, caneta, bico de pena, teclado, giz, batom, máquina, spray de tinta. Somos fazedores de textos, de escrituras, que não são neutras nem universais e que estão postas no mundo em formas diversas, por finalidades também distintas, trazendo marcas das intenções do autor, do ilustrador e do editor, inscrevendo-se em determinado lugar e tempo, sugerindo usos e carregando valores. Somos leitores, mas não consumimos passivamente o que lemos: geramos e somos geradores, transformamos e somos transformados por aquilo que lemos, vemos, ouvimos...
Amigos e parentes de Rafael Guimarães, skatista morto em julho passado, registram na pele de seus corpos a memória do ente querido. Tatua-se o corpo como se escreve em um diário ou se faz um poema... a escrita como forma de não se esquecer...
Jovens arriscam a vida e infringem leis, escrevendo nos muros mais altos dos prédios um traçado construído que não é o ensinado na escola. Desenham, fazem curvas, arredondam extremidades, dão traços geométricos, formas retas, cortam letras ao meio, emendam outras, produzem um código. Escrevem sobre seus amores, medos, turmas. Uma escrita que provavelmente lhes dá identificação de pertencimento a um grupo, tribo, gang e que exclui leitores que não decifram seus códigos...
Uma senhora busca na internet o poema que soube de cor na década de 60 e que recitou na escola. Lembra vagamente de alguns versos. Recupera o poema: “O velho mestre”, de René Barreto, e encontra outros leitores que também o memorizaram com a mesma finalidade... uma escrita que aproxima tempos e pessoas.
Norma Sandra de Almeida Ferreira, Presidente da ALB.
Endereço eletrônico: normasandra@yahoo.com.br
Lilian Lopes Martins da Silva, 1ª Tesoureira da ALB.
Endereço eletrônico: lilian_lms@terra.com.br
Pesquisadoras do grupo Alfabetização, Leitura e Escrita - ALLE/FE/UNICAMP.